quinta-feira, novembro 30, 2006

Desabafo

Tive que voltar, sentir as palavras brotarem de meus dedos.
Hoje não me sinto invadida por algo bom, muito pelo contrário e talvez por isso sinta esta necessidade. Hoje é o culminar de alguns dias atrás em que acolhi em mim e olhei á minha volta. Não me senti, nem senti que me sentissem, como um dia, talvez, me tenham sentido.
Não sei que sentimento este que me assola e me inquieta, e me faz provocar estas lágrimas absurdas que tento conter.
Sinto-me infeliz, deprimida, sozinha, e ao mesmo tempo procuro em vão por tantas respostas.
Não tenho motivo algum para me sentir combalida dentro da minha própria alma.
A angústia apoderou-se insensivelmente da minha razão, e não consigo descernir os pensamentos que passam em simultâneo.
Serei eu que não me satisfaço com nada? Será que não aguento que também eu posso ser feliz? Será que felicidade afinal não é o que eu procuro?
Não omito os meus pensamentos, nem tão pouco os tento apagar ou até desviar, e ao pensar sobre eles não consigo responder-me.
Não estou bem, este vazio preenche-me totalmente, a insatisfação, a não-vontade, tudo é deprimente, tudo me parece opaco.
Dou por mim tentando aliviar momentos que me preenchem, dou por mim, tentando não ser eu, nem alguém que me apresentasse.
Esta luta desmedida contra o meu próprio eu está a arrasar-me os sentidos, e a inquietação anda de mãos dadas comigo!!!
Que faço eu nesta pose teatral onde finjo que está tudo bem?
Que faço eu, no momento do meu acto, que não consigo ser original, exprimindo apenas o que já decorei num papel algures largado.
Não me sinto eu, decididamente, hoje é um mau dia, obviamente.
Já não me sinto a estrela do meu livro, nem tão pouco o espectador do meu filme.
Gostaria de acreditar que não passam de devaneios que por vezes vêm e retornam ao seu ponto de partida, mas eles permaneceram, instalaram-se e teimam em ficar.

Perdi a noção simbólica de partilha
Já não se partilham nem palavras
O olhar também já é diferente...
Há algo errado, que me tentam esconder
Já não me sinto aquela rosa de um jardim
Já não sinto que criei vontade algures
Tudo não passou de uma ilusão que se criou.
A única vontade que me apresentam
Não tem a ver comigo, até é fora de mim...

Criam-se laços de conforto imaginários
Em almas e corações sedentários
Mas no fim deixa de haver espaço para eles...

Vou parar

21 comentários:

Sendyourlove disse...

meu deus...como me identifico com estas palavras...
seremos insasiáveis???
a ansia de viver que temos não nos permite aproveitar realmente a vida.

vida de vidro disse...

Acho que vais sempre voltar, nem que seja para estes desabafos. Há pessoas a quem a vida nunca satisfaz e não são melhores ou piores por isso. São elas. Intensas. Só que têm que aprender a viver todos os dias. **

baixinho disse...

Não te enfureças tanto, as melhores coisas sucedem quando menos as esperas.
Nunca desistas...
Beijos.

Su disse...

fez.te bem esse desabafar?

jocas maradas de dias melhores

Arauto da Ria disse...

Querida amiga,
que é isso..!
Olha o teu desabafo tem tanto de triste como de lindo e profundo.
Fizeste me lembrar o Variaçôes,na bela canção em que canta, "só estou bem aonde não estou, quero ir", este poema dele é excelente como o teu post, mas espero que seja uma situação passageira e que no próximo escrito se solte dentro de ti um vulcão que brote todo o amor e felicidade que neste momento parecem não existir.
Todos nós temos dias assim, mas h´sempre o amanhã que virá carregado de SOL.
Levanta o astral e sorri.
Até sempre..
Um beijo

Sara MM disse...

AAAAAAAIiiiiiiiiiiiiiii....

Bolas!!!!

Bjssssssssssssssssssssssssss
(vou enviar.te um mail)

Sara MM disse...

(manda-me um mail, please! nao tenho a tua morada neste pc :o( )

Nunovsky disse...

Desabafar sempre fez bem. Nã é agora que faria mal!

Espero que te voltes a levantar ;)

Bom fds

Anónimo disse...

Olá...
O dia cinzento parecia igual à minha disposição, um nó enorme no peito, uma tristeza sem sentido, uma vontade enorme de chorar, uma dor sem fim no coração, o querer apensas fugir...
O caminho para casa, a estrada, Il divo canta ave maria, solto as lágrimas, chove lá fora, e grito, grito, grito...
Chego a casa, deito-me no escuro, sozinho, continuo a chorar, um pouco mais para que, depois, tudo melhore cá dentro...
De onde vem esta tristeza que se instala, tantas vezes, neste pobre ser vadio?
Um beijo, a gente vê-se por aí...

Araj disse...

mesmo que não sintas "as palavras brotarem de meus dedos" elas saem e por fim acabas por ficar melhor, pelo menos é assim que funciona comigo...
beijinho

Rui disse...

Porque também é preciso.

bj

Anónimo disse...

Acho que estou eu vivendo um momento parecido. Cheguei a um ponto do qual não posso voltar. Parece-me que a vida perdeu um pouco o brilho e a minha existência é sem razão.

Tenho tantas aspirações e tantas ambições, mas a sociedade é estática, está rígida num modelo de opressão e de poder.

Mesmo sofrendo prefiro não ter o que fazer do que fazer o que não quero, ou o que vai contra minha natureza.

Vanessa disse...

Um beijo para ti * :)

maresia disse...

já paraste? então agora respira fundo e corre até ficares em ar! quando nos falta o ar deixamos de ter tempo para os pensamentos.

Klatuu o embuçado disse...

Parar é morrer... :)

Arauto da Ria disse...

Então amiga!?
Espero que já estejas óptima e se assim for, já devias ter bridado a gente, com mais um dos teus lindos poemas.
Um beijo e bfs.

Arauto da Ria disse...

Ana!
Já chega, volta, eu e todos temos muitas saúdades.
Um beijo

Archeogamer disse...

Muitas vezes andamos em baixo, o importante é lutar e não desistir. Mas que custa, lá isso custa.

José Leite disse...

HA QUE RESPIRAR FUNDO, OUVIR UMA MUSICA SUAVE, ELEVAR O ASTRAL... DEPOIS... BEM... DEPOIS VAI OBSERVAR O MEU BLOGUE!
SAIRÁS TRANSFIGURADA E CHEIA DE ENERGIA PARA ENFRENTAR ESTA SELVA QUOTIDIANA!

BEM HAJAS!

Maria Liberdade disse...

Agora sou eu que digo... n estou a perceber?

Mermaidblue disse...

Muito bom... Muito real... Reflexo de mim melhor do que alguma teria escrito